Malta que faz falta
Quem são os ícones da música portuguesa das últimas décadas? Quem é que fez mesmo a diferença e marcou uma época, um estilo, uma estética? As escolhas são sempre discutíveis. Discutam-se, então.
Se Camille Paglia fosse portuguesa, que nomes escolheria para os seus ensaios sobre Sexo, Arte e a Cultura Política? Amália Rodrigues, certamente – nada se pode escrever sobre a iconografia cultural portuguesa contemporânea sem passar por Amália, a quem todas as imagens e sons da chamada “portugalidade” pedem, consciente ou inconscientemente, meças, e que David Ferreira, ex-editor da Valentim de Carvalho e da EMI, filho de um dos poetas (David Mourão-Ferreira) que ela cantou, coloca no lugar mais alto, juntamente com José Afonso: “Se tivéssemos de escolher duas montanhas da música portuguesa, são eles.”
Amália e Zeca, então: estampam-se sem dificuldade T-shirts com estas caras. Mas podemos apostar que António Variações, apesar da sua curtíssima carreira, seria outra escolha óbvia de uma Paglia.
Texto de Fernanda Câncio no Diário de Notícias | Continuar a ler