Nostalgia de Zeca
O músico Dimas Soares, um grande amigo do autor de “Grândola Vila Morena”, conta que o conviveu muito perto com Zeca Afonso. Além de ter participado com ele na gravação de um disco, através do seu acordeão, em finais dos anos 70, a convite do próprio Zeca, Dimas Soares costumava ficar com os filhos do Zeca quando este se deslocava para o estrangeiro, porque havia «uma grande afeição com a nossa família», frisa. E conta ainda que na sua casa do Quebedo, o artista costumava receber «constantemente muitos amigos», devido à sua popularidade. Mas, nos dias em que estava muito cansado, procurava refugio na casa do amigo Dimas. Uma vez teve de pernoitar no Hotel Esperança porque «estava fatigado e precisava de se afastar um pouco» dos amigos. Mas foi o seu amigo Dimas que lhe pagou as despesas da sua estadia na unidade hoteleira, porque o cantor «não costumava andar com muito dinheiro» no bolso, dado que era a sua mulher Zélia que «geria as finanças». Dimas Soares conta ainda que quando Zeca Afonso, «simples, humilde e de grande humanismo», foi libertado pela PIDE, foi ele próprio que o foi buscar a Lisboa, com a sua esposa Emília. «Ele estava calmo e disse-me que lhe fizeram muitas perguntas».
As gerações mais jovens da região conhecem bem o cantor e realçam que Zeca Afonso foi um dos grandes símbolos da Revolução dos Cravos. Carla Santos, estudante na Escola Secundária da Bela Vista, refere que Zeca Afonso foi um «grande cantor, poeta e compositor», tendo criado uma das «senhas do 25 de Abril». Por seu turno, o estudante Pedro Miguel Silva, residente em Azeitão, realça que Zeca Afonso já serviu de mote para um trabalho de grupo que teve de elaborar na escola. Conta que o pai tem discos dele e que o cantor se dedicou à «música durante catorze anos», tendo gravado «28 discos e feito mais de trinta cantigas». Já Susana Garcia, considera que a figura popularizou-se através das «canções de intervenção» e tornou-se uma figura «emblemática do espírito de resistência ao fascismo».
Em Setúbal, como é tradição, realiza-se a romagem ao túmulo do cantor no cemitério ‘velho’, no dia 23, às 16 horas, numa organização da Associação Musical Recreativa 8 de Janeiro, de Alhos Vedros. A cerimónia inclui a deposição de coroas de flores, apresentação de estandartes e discursos. No dia seguinte, às 22 horas, o bar Eleven´s Coffee organiza um concurso de poesia. A entrega de trabalhos deve ser feita por correio, pessoalmente ou por intermédio do e-mail: elevens@sapo.pt. A Associação José Afonso, sedeada em Setúbal, não vai organizar qualquer iniciativa, porque o seu presidente Alípio de Freitas entende que se deve respeitar a vontade da viúva do cantor. «É um dia em que ela quer estar com a memória em descanso e acho que devemos respeitar o silêncio e a vontade dela». Todavia, em Guimarães, o Centro Cultural, presidido por Tino Flores, um velho companheiro do Zeca, vai levar a cabo uma homenagem ao cantor e um concerto no dia 23.
António Luís 2007-02-16
Olá, pertenço a um meio de comunicação e gostava de poder falar convosco pois estamos com um trabalho sobre Zeca Afonso e precisavamos de alguns contactos se é que nos podem disponibilizar.
Agradecia o contacto para mariabazzo@gmail.com
Desde já agradecida
Maria Bazzo